Diferente dos seres humanos, as plantas não têm possibilidade de se mudar para regiões com água disponível ou sombra para se refrescar em dias quentes. Apesar disso, com a evolução, as plantas desenvolveram estruturas e mecanismos físicos, bioquímicos e fisiológicos para lhes auxiliar a tolerar situações de estresse, além de associar com microrganismos benéficos, garantindo sua sobrevivência.
Em caso de restrição hídrica, uma forma de defesa física é expandir o desenvolvimento radicular, produzindo raízes profundas que buscam água em profundidade. Outra estratégia é alterar seu equilíbrio hormonal, reduzindo a produção de hormônios de crescimento (como a auxina) e aumentando a produção de hormônio regulador (o ácido abscísico - ABA), induzindo assim o fechamento dos estômatos e reduzindo a perda de água na forma de vapor por evaporação.
Fisiologicamente, quando a planta utiliza desses mecanismos, ocorre a redução da fixação de carbono, afetando negativamente a produção de fotoassimilados, responsáveis pelo crescimento, desenvolvimento e enchimento de grãos da planta. Desta maneira, como responsáveis pelo manejo adequado das culturas de interesse, podemos interferir nessas respostas, auxiliando a planta a continuar produzindo, mesmo quando há direcionamento de metabolitos para tolerância a situações adversas.
O uso de aminoácidos pode atuar como uma fonte externa de carbono para a planta. É uma matéria prima para geração de energia e reparação, podendo atuar recuperando tecidos danificados pelo estresse hídrico. Já o extrato de algas possui uma base hormonal e atua gerando um estímulo de crescimento, induzindo o organismo vegetal a voltar ao pleno funcionamento em condições favoráveis para o seu desenvolvimento (quando há água).
Usar bioestimulantes exige uma consideração de cada caso, principalmente levando em conta o status hídrico da área a ser aplicada. Nenhum produto vai substituir a água no desenvolvimento da planta, mas existem alternativas para potencializar o retorno do crescimento vegetativo, modificando estrutura da planta ou, em estádios mais avançados, fornecendo alguns nutrientes, como o nitrogênio e o potássio.
Ainda, há um mecanismo de mitigação de estresse que podemos usar desde o início do desenvolvimento da cultura, garantindo um ‘seguro biológico’ para preservação do desenvolvimento vegetal: bactérias promotoras de crescimento vegetal.
Essas bactérias podem:
- Produzir compostos chamados de biofilmes, que envolvem as raízes e auxiliam na retenção de água e nutrientes, prolongando a tolerância em situações de restrição;
- Mediar o metabolismo, fornecendo enzimas para mitigar danos fisiológicos devido a compostos bioquímicos danosos altamente produzidos em situações de estresse, atuando como ‘faxineiras bioquímicas’ no organismo;
- Promover o desenvolvimento radicular, previamente preparando a planta para adquirir água e nutrientes em profundidade;
- Alterar as características morfológicas foliares, auxiliando na redução de perda de água para a atmosfera.
Sendo assim, a compreensão das necessidades das culturas e a associação com o uso adequado dos manejos disponíveis são essenciais para atingir altas produtividades de maneira sustentável nas culturas agrícolas.