A chamada Guerra Comercial entre China e Estados Unidos (EUA) foi uma iniciativa do governo de Donald Trump de sobretaxar as importações de produtos vindos da China para os EUA, com a intenção de desestimular a compra de produtos Chineses e diminuir o nível de atividade econômica daquele país. O governo chinês revidou na mesma moeda e também sobre taxou a compra de diversos produtos norte-americanos, inclusive anunciando que deixaria de comprar por completo qualquer produto agrícola da principal potência mundial. Os reflexos dessas incertezas fazem com que os dólares presentes nas economias emergentes, o caso do Brasil, sejam drenados e redirecionados aos Estados Unidos, principalmente sendo investidos em metais como ouro e prata, encarecendo a moeda e desvalorizando o Real.
No meio dessa crise, a gigante asiática olhou para o Brasil como alternativa para suprir e compensar o abastecimento de proteína animal e vegetal, principalmente a soja. Desde 2018, quando teve início a Guerra Comercial, o mercado brasileiro entendeu a necessidade dos chineses e vem tirando vantagem dessa forte demanda, mesmo com uma crescente expansão nos focos de Peste Suína Africana no país asiático. A China é a maior importadora mundial de soja com um volume próximo de 85 milhões de toneladas. Praticamente todo este volume, adicionado a produção chinesa da oleaginosa que fica próxima de 15 milhões e toneladas, é utilizado na alimentação de suínos, carne preferida dos chineses. Porém, com a evolução da Peste Suína, os chineses foram obrigados a abater milhões de animais, pesando fortemente no consumo de farelo de soja, uma das principais fontes de proteína para alimentação dos rebanhos chineses que chegou a superar 700 milhões de cabeças.
Nestas últimas semanas, com uma melhora nas margens das indústrias esmagadoras de soja na china, o mercado passou a dar boas oportunidades em termos de preço, já que a exportação segue ativa. Juntamente a isso, a demanda local segue estimulada pelas usinas de biodiesel, já que o óleo de soja é a principal matéria prima na produção do combustível renovável. Somente neste último leilão realizado em agosto, com a mistura de biodiesel no diesel aumentando de 10% para 11%, estima-se que a necessidade de soja para a produção do biocombustível cresceu o equivalente a 500 mil toneladas frente ao leilão anterior. Outro ponto positivo para o complexo de soja é o farelo, que segue com uma demanda firme as fábricas de rações que estão otimistas nas vendas da carne suína e de frango para os chineses.