A ferrugem asiática é considerada a principal doença da cultura da soja. O agente causador é o fungo Phakopsora pachyrhizi. Para sua ocorrência é necessário que exista o que chamamos de triângulo da doença: hospedeiro (a soja), patógeno (o fungo) e ambiente favorável para a disseminação da doença (molhamento foliar e temperaturas entre 15 ºC e 28 ºC). Os sintomas iniciais são pontuações escuras nas folhas e quando o fungo produz esporos na planta, torna a cor da folha amarelada, como uma ferrugem.
Os esporos ou uredósporos são as estruturas de sobrevivência e dispersão do patógeno. Possuem formas que variam de ovoide a elíptica, são equinulados (pontuações densas vistas ao microscópio) e de coloração incolor a amarelo pálido (Foto 1).
Foto 1: Esporos de Phakopsora pachyrhizi identificados no Centro de Tecnologia da 3Tentos (Fonte: Autores).
Todo início de safra de soja nos fazemos as seguintes perguntas: Quando o esporo vai chegar? Quando a doença vai começar?
Grande parte da semeadura aqui no RS ocorre nos meses de outubro e novembro, com destaque para a primeira quinzena de novembro. No entanto, sem conhecer as respostas das questões acima os produtores buscam escapar dos momentos com elevada pressão de doença, antecipando a semeadura, sendo que em setembro algumas lavouras já tinham sido semeadas no estado.
Para entender um pouco mais sobre isso, a 3Tentos implantou uma rede de monitoramento de esporos, conseguindo monitorar a presença de esporos de inúmeras doenças, principalmente a ferrugem da soja. Essa rede possui 15 coletores (Foto 2) – número que pode crescer nos próximos meses – instalados em diferentes regiões do estado. Assim, é possível verificar a presença do patógeno antes de identificar sintomas da doença.
Foto 2: Vista de um coletor de esporos (Fonte: Autores).
Nos últimos dias divulgamos em nossas redes sociais os mapas preliminares com a flutuação de esporos a partir do mês de setembro e uma comparação com os mapas da safra passada. É possível perceber que no início de setembro – época que consideramos escapar da doença – já temos um número elevado de esporos de ferrugem sendo dispersos pelas correntes de ar, principalmente oriundos do Paraguai e Paraná, que iniciam a safra primeiro.
Outra informação que os mapas nos mostram foi a redução do número de esporos, principalmente no mês de novembro. Na safra 2018/2019 essa redução foi correlacionada com o momento de estiagem vivido pelo Paraná. Na safra atual o RS passa situação semelhante, chuvas mal distribuídas, em quantidade insuficiente, noites frias, entre outras condições que podem contribuir para esta redução.
No entanto, fica nosso alerta! Embora tenha ocorrido uma redução no número de esporos circulantes no ar, o primeiro foco de ferrugem já foi identificado na última semana no estado. A doença é agressiva e seu ciclo é rápido. Não descuide no manejo! Iniciar o manejo fitossanitário preventivamente, ainda no vegetativo, rotacionar ingrediente ativo, utilizar sempre reforço com multissítios e intervalos coerentes com o residual dos produtos pode garantir o sucesso da lavoura de soja.